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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Campo minado

Por Marcos Araújo


Após dizer que "comeria Wanessa e seu bebê", Rafinha Bastos foi apresentadoda banca do CQC.
Pode ser um pouquinho de terrorismo, um pouquinho de loucura, um tanto de conspiração, dois terços de apreensão, mas ressalta-se, os tempos atuais revelam para o mundo a era mais temerária para os vocábulos. É como se o vernáculo estivesse sob intensa análise de todo gênero e forma na medida em que as malsinadas conjecturas emanam das argutas preleções dos ferinos críticos contemporâneos, personagens da mídia, da política; e, não considerando essa colação exaustiva, personagens da religião. É preciso tomar cuidado com o que se diz. A frutífera e onipresente discussão acerca do bullying encontrou na globalização sua amplitude reverberada mais definida dos tempos, os crimes de internet avultam as controvérsias quanto ao instrumento dessa ferramenta e predominam nas mesas dos grandes teóricos da ciência jurídica, as redes sociais são palcos inequívocos da expressão da opinião, do protesto acomodado, das campanhas publicitárias galgando públicos vulneráveis, qual seja, um público despido de engajamento intelectual para fins relevantes de fato – digo, uma parcela considerável.


Rita Lee esteve envolvida em diversas polêmicas no twitter, sendo, inclusive, ameaçada de morte.


Os discursos estão cada vez mais genéricos, possivelmente até este sofra desse mal, não se sabe quais limites cuja ultrapassagem constrói homofobia, há quem pugne pelos negros, pretos, ou afrodescendentes, neste caso a nomenclatura que se dá num contexto constrói o criminoso; Bolsonaro goza glorioso da imunidade parlamentar e das prerrogativas que garantem o exercício da sua legislatura, vulgo desserviço; Mayara Petruso (lembra-se dela?) provavelmente ainda quer matar os nordestinos afogados, a saber, num espaço subjetivo visto que tal declaração no Twitter rendeu-lhe dissabores; Rita Lee quer desmerecer o que acha feio; Rafinha Bastos quer brincar de paladino e fazer confusão entre injúria, difamação, propaganda odiosa; os grandes veículos da telecomunicação é o crivo cognitivo do século XXI a filtrar tudo o que você deve/precisa saber, ou seja, por mais que se evite há muita informação permeando o espaço cotidiano.


Ed Motta ofende mulheres e músicos no facebook

A consequência imediata da velocidade da veiculação de tudo que se diz ou faz repercute ou naturalmente deveria repercutir no comportamento social. Um indivíduo comum pode escapar do anonimato por qualquer postagem de um vídeo esdrúxulo lançado no Youtube, da mesma forma que a evidência contra ele pode se impor na forma da sedição, do clamor pela reparação de alguma conduta reprovável. Demais disso, forçoso é sublinhar com vivacidade a grandeza da magnitude da opinião pública; que, não deixa de catalisar a construção da opinião. O que há de fato é uma zona de perigo no campo da opinião, a palavra emitida é como uma mina, a depender da trilha que se escolha tudo pode ir pelos ares de uma só vez sem que haja tempo de arguir defesa. No contexto atual quem turba a ordem social pela força da palavra reclama o caos de Kafka, se torna réu sem contraditório e ampla defesa, vira alvo do palco midiático, vira saco de pancadas.

Não é enfadonho reiterar: É preciso tomar cuidado com o que se diz. A proporção que faz de um comentário despretensioso a manchete mais vendida da semana é a mesma que vocifera a propaganda odiosa de alguém, a injúria, a discriminação, a corrupção, o esbulho; e, que clarividente esteja, os olhos da sociedade são mais cruéis que o açoite. 

Um comentário:

  1. O sensacionalismo está em todos os lugares. Pedras são jogadas no indivíduo por qualquer comentário infeliz. Como você disse, "os olhos da sociedade são mais cruéis que o açoite." A expressão pode ser livre, mas você pode pagar pelo que diz. As pessoas esperam que você diga alguma coisa. Elas esperam sempre por isso. É como se ver o demônio no outro fizesse de si um santo. Ninguém compreende ou tenta ou pensa que não foi por mal, afinal, o que eles querem é julgar. Eles precisam julgar e criticar o tempo todo. Precisam provar a sujeira do outro, para que se sintam um pouco mais limpos.

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/