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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Outrossim

Carecer da saída é o clichê dos tempos – secular é o que diria -, e para ser mais prático, até para não dar voltas e me assustar reiteradamente com a mesma (in)verdade, é assim que tem sido. Portas fechadas, janelas foscas, papéis em branco, lágrima no chão, olhos, bocas, mãos, tudo perdido e disperso em mim. Sair correndo, alçar vôo, tal como um gavião célere a planar sob o Rei Sol, é o que quero. Liberdade amigos, com todas as letrinhas miúdas e pormenorizações gramaticais, com o gostinho bom de todas as coisinhas que alegram o coração no diminutivo. Todas as coisas, todos os sons amáveis e portáteis para que embale no meu peito a mais plena canção de uns versos pintados à mão. Versos desenhados. Devolvam-me a paz e meus lápis de cor para que eu possa rabiscar em imundos retratos as matizes cinzentas que me causam dor

Por Marcos Araújo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dinheiro fácil: o canto da sereia

O mundo contemporâneo é marcado essencialmente pela modificação meteórica de parâmetros de qualquer seara da experiência humana, seja ela pessoal; política, tecnológica, familiar, jurídica e, sobretudo econômica. Em razão desse enunciado e de seus efeitos diversos nas interações sociais, levando em conta estratos econômicos, existem pessoas cuja sujeição a golpes atinentes a propostas de melhora da qualidade de vida denotam notoriedade. Essas práticas opróbrias tornaram-se comuns e seu alcance tem registrado um ritmo de expansão mais diversificado por intermédio da democratização da informação no espaço virtual.



O ser humano pode ser descrito academicamente por perspectivas distintas, que pormenorizam investigações científicas que observam desde os aspectos biológicos mais notáveis e/ou capciosos, até suas estruturas metafísicas que compõem seu caráter, personalidade, vícios, habilidades etc. Contudo, ainda que não haja uma prévia angariação dos itens elencados anteriormente, é possível reconhecer a tendência do homem a enveredar-se pelos caminhos de praticidade conveniente sempre que este está ao seu alcance. Ainda que o medo represente alegoricamente um fator de proteção que o priva de situações arriscadas, o homem ainda não aprendeu a reconhecer a posteridade do mal que as oportunidades fáceis, únicas, e aparentemente promissoras trazem consigo.



A felicidade notoriamente é o fim último de cada pessoa, revela em cada ente a vitalidade em suas ações e uma condição físico-psicológica revigorante. É a força motriz a conduzir o homem em direção a um bem comum e, porventura, não existe outro instituto subjetivo tão obstinado quanto à felicidade. Tudo emana e finda nela. O que faz cada ser humano feliz não se reduz a uma estatística, contudo, é fato que o gozo de plenas condições financeiras suplementa e em alguns casos, viabiliza o “ser feliz”. É sobre os trilhos que norteiam o homem rumo à felicidade que se escondem os enunciados ardilosos propondo passos largos para chegar ao fim da linha. Neste momento o risco é iminente e imanentemente hediondo em si mesmo, neste momento os trilhos podem manter-se firmes ao solo ou desfragmentar-se, trecho por trecho.

O não aproveitamento de oportunidades saudáveis como os estudos, o envolvimento com drogas, atividades ilegais, comportamentos autodestrutivos, podem exemplificar meios pelos quais é possível se perder; contudo, ainda existem aquelas razões nas quais as pessoas permitem ou são coagidas a destruir suas vidas nos mais diversos aspectos. Refiro-me às pessoas que por necessidade ou deslumbramento se esbarram com criminosos especializados representados legitimamente por empresas que induzem as pessoas a investir todo seu patrimônio no trabalho autônomo representado pela venda de produtos, sendo que, para tal, estas instituições utilizam de métodos agressivos para capturar mais um miserável para movimentar a máquina de dinheiro que foi construída com o suor alheio.


"O canto da sereia"


Não existem decisões fáceis, a vida por si só, independente de dinheiro, tende a não ser facilitada. Outrossim, encaminhar-se, construir uma carreira profissional e coadunar ao sucesso na vida pessoal também não é. As empresas mencionadas costumam usar das duas razões anteriores para construir suas lentes de aumento ignominiosas e mostrar o quanto a vida pode ser melhor e mais fácil sem que seja necessário fazer o esforço de tolerar um chefe, manter horários, administrar vencimentos. Em outras palavras: as flores da estação são as promessas de uma vida permeada de sucesso, estabilidade, alegria e segurança. A problemática dessas propostas ordinariamente configura os denominados Esquemas de Pirâmide, que, porventura, são considerados ilegais; ou, apesar de remeter-se à legalidade, o sistema de vendas aos moldes do Marketing Multinível.
Existe uma disparidade colossal entre as promessas feitas pelas empresas calcadas no sistema de Markenting Multinível e os seus efeitos mais prováveis e comuns. O recrutamento geralmente inicia-se por meio de uma palestra ministrada por participantes da empresa, sempre bem vestidos, sorridentes, bem dispostos – todos inexoravelmente perfeitos e saudáveis. Os anúncios para participar destas reuniões nem sempre são explícitos, pois, estas empresas costumam publicar nos classificados dos jornais populares informações rasas concernentes à seleção de emprego relacionado à área de vendas, enquanto, na verdade, o que ocorre é a apresentação do produto comercializado e da proposta de associação com a empresa. O Marketing Multinível pode facilmente confundir-se com a prática dos Esquemas de Pirâmide, o que não gera espanto, até porque existem empresas que escamoteiam os Esquemas de Pirâmide na superficialidade legal de uma suposta aplicação do Marketing Multinível.

5 passos para o sucesso com a Empresa Forever
É preciso dar atenção a este problema, visto que há muitas pessoas que se iludem em sonhos felizes de riqueza e terminam por perder todo seu patrimônio. Ademais, outra prática comum dessas instituições é o incentivo para que um indivíduo encaminhe mais uma pessoa para a rede de negócios da empresa, mais gente pagando para trabalhar também significa mais dinheiro. Entenda o quanto antes, se uma empresa é tão boa a ponto de patrocinar o ápice do bem estar para todos os seus colaboradores, existiria barreiras gigantescas ao redor dela e provavelmente poucos poderiam ingressar numa carreira profissional, salvo na efetuação de seleções especializadas, concursos etc. O que mantém a vitalidade da empresa é o lucro. Não se permita ouvir o canto da sereia que encaminha rumo ao abismo de investimentos múltiplos em dias de muita frustração para o dia seguinte. Estabelecer o foco de nossos diversos objetivos é um bom ponto de partida para não se deixar ludibriar pelas palavras inócuas, pelos depoimentos vibrantes e por todo formalismo teórico e pragmático que o mercado vai utilizar para usá-lo como uma ferramenta de propulsão – para alavancar lucros e nada mais. 


ESQUEMAS DE PIRÂMIDE, ENTÃO COMO FUNCIONA CLICANDO AQUI.


A saber, a hostilidade do mercado de trabalho coadunada com o terror do desemprego e de todas as mazelas que deles surgem, suscita na criação desses predadores pecuniários celestes cheios de trejeitos requintados e imponentes. Escape. Corra. Não se permita adentrar nesse mar de falácias eivado de desonestidade e exploração. Eike Batista é um só, uma exceção. Mantenha os olhos abertos, pois os lobos do homem estão por aí na espreita a te esperar.




Por Marcos Araújo

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Fenótipos não excluem direitos

Hodiernamente a correlação entre igualdade racial e direitos humanos no Brasil corresponde a uma problemática engendrada principalmente pela formação do seu processo histórico. O genocídio de tribos indígenas e o tráfico de escravos africanos elencam episódios hediondos que deixaram os vestígios da discriminação racial na sociedade brasileira.

A colonização do Brasil foi marcada pela escravidão de negros e indígenas pelos portugueses. Dentre as razões atinentes a uma mentalidade essencialmente mercantilista havia idéias que qualificavam o escravo como mercadoria, mitigando valores de igualdade e dignidade postulados na Declaração Universal de Direitos Humanos. O horror da escravidão imputava um regime sub-humano para negros e índios, seus costumes e usos foram sumariamente alvejados, as condições de saúde, acomodação e sustento eram insuficientes, sofriam abuso sexual e a exploração predatória de mão de obra justificava a redução dos seus curtos períodos de vida. Sendo assim, mesmo após a vigência da Lei Áurea, a mácula da escravidão pairou absoluta no contexto social do país.

Com o Estatuto da Igualdade Racial o Brasil possui um instrumento fundamental a exaltar o valor humano observado sob um prisma isonômico, purgando-se de qualquer tipo de maniqueísmo e provocando um movimento de cisão com o Darwnismo Social; que, por sua vez, tende a estabelecer relações polarizadas entre os homens, basilada erroneamente em fenótipos. Faz-se mister a consolidação prática e efetiva das medidas previstas no seu texto, a modificação de parâmetros sociais relativos às questões raciais depende de sua correta compreensão de todo povo brasileiro. Destarte, a dissolução do pensamento racista, dos crimes de ódio que ele gera e das demais mazelas, solicita a participação das políticas públicas, por intermédio desta far-se-á o movimento de convergência para a igualdade racial.


 CLIQUE AQUI PARA CONHECER O ESTATUTO DE IGUALDADE RACIAL  ←



Em suma, a discriminação racial no Brasil não deve ser perpetuada em razão do seu processo histórico; pois, através da educação e das ações afirmativas celebradas pelo Estado é possível erigir dias melhores. Todo homem tem um valor inerente, merece respeito e segundo Carlos Drummond de Andrade: “é um estranho ímpar”. 


Por Marcos  Araújo 

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Abelha rainha.




Eu canto o Amor-Bethânia de Caio Fernando Abreu. Eu canto a luz. Eu canto ela a me encantar na encateria que alumia a escuridão. Cantando nos cantos e em prantos revoltos. Ela canta, tu cantas ó moça dos pés de nuvem. Vós sois quem soube me carregar, leva-me em teu manto de som aos braços frágeis do amor que traduz. Leva-me em teu som. Leva-me em teu ser. Leva-me Maria, canta. Canta para que eu possa ver esse espetáculo de luz que emana da tua voz e me devolve a paz. Canta. Encanta. Alumia. Nos teus olhos estrelas mil, no teu peito, tua voz – amor. Iluminai.



Por Marcos Araújo