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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Mediatriz


De todas as linhas, dispensando aqui a leviandade dos adjetivos, erijo-me no cimo precípuo, na letra primeira do alfabeto à frente doutras, no cume das orações dentre as famigeradas palavras soltas. Com verbo imperativo é que desenho o melhor lar, o melhor automóvel, a melhor estrela, desprende-se de mim sibilante assobio, estridente, marujo, primeiro, tudo que medra daqui tem a melhor cortesia, ou procura ter o aval que faz dela perfeita – uma conjunção genial de tão gloriosa.

 Reclama a minha mágoa toda voz distante de se ouvir, toda morte parca, sequer notada pelos homens de valor que aqui respeito, não me incomoda os abjetos-modernos-jovens embebidos em pompa, suntuosa falácia sobre um castelo de cartas, de copas, de nãos, eles são passado desde o momento ora vivido, ora esquecido, ora delatado. De todas as linhas, são as médias que me apavoram, do que beira o medíocre, se assevera incompleto, regurgita minh’alma que foge de mim no berço dos médios, na sutileza da inação desprezível que me causa horror a parafrasear o tédio. 

Por Marcos Araújo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

À mingua II


Por Marcos Araújo

A linha em branco à frente, afronta, pergunta: que quer você? Devo escrever, agora, antes que o tempo passe outra vez por mim, antes se esvaia o destemor. Amei à mingua a magoa, me apavora de tão célere que se deforma, transformando-se sempre num paralelo outro, no outro rosto, na outra veste, no outro toque, n’outro rijo sorriso que não me satisfaz. Escrever: meu invento sob a linha em branco, cornucópia de flores mortas, verbo, palavras, – falácias – bem dizendo assim. E a verdade não invade a minha casa se não quero, não me permeia os dedos e nem medo perfaz, trava o vocábulo antes de chegar ao papel, esquece de apagar o que não escreve. Adrede é que faço, no papel não desenho pedaço que repugno em mim. No papel à mingua me desfaço.