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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

casarão


De madrugada não é hora de arrumar a casa, nem de lavar a roupa suja acumulada, é tempo de silêncio no qual o corpo sente a euforia dessa angústia de querer fazer tudo numa só hora. Abro as janelas, ligo a TV, leio escritos doutra vida em que chorava à toa, sem saber por que chorava. A vida era boa e olvidei, agora vivo omisso com a luz apagada e não enxergo a balbúrdia da casa que grita, ulula, e pede com fala mansa pra reconstruir-se sobre si. Desarrumada que está, ora, pois, pouco me agrada.  Tomba a estrutura deixa ruir essa essas paredes que sequer me comunicam o lar, deixa que baguncem, deixa bagunçar e ruir até o final, até tombar, não vou me levantar com a intenção de fugir, vou ficar aqui sem arrumar a casa. Eis que desaba o teto que acalentou, se esvaiu o chão que sustentava, e nada restou da bagunça, tampouco dos esconderijos da casa, nada resta além da lágrima falada. 

Por Marcos Araújo