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terça-feira, 27 de abril de 2010

águasdeabril

Desmonto a métrica, desconfiguro a rima
para no meio das palavras navegar sem remos
numa imensurável correnteza que desaba nos
teus braços.

Meu amor é o teu barco .

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Por Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

sábado, 10 de abril de 2010

A terceira carta.

Se última vez, meu corpo é o que pedes, um intrépido laço amarro em teu pescoço com meus braços
Suspirando doces e profanos votos de amor quais lançam pela pele suor, sem mais porquês
Sendo existência partilhada a tua história, não te permito falar em última vez, nas nossas curvas palpavelmente reconhecidas talvez arrastem consigo continuidade
Eu vi no tempo a distância dos seus lábios, me sufocando agradavelmente de lembranças, tão inocentes em teor, resguardando o pouquinho de esperança
Sendo teu meu coração, meu ponto de equilíbrio, sendo teu meu libido, corpo e redenção.Sendo teu meu amor, repleto de gratidão, se faz feliz minha noite ao sonhar contigo, tocar tua pele ardente, em chamas, inerentes ao amor, a nossa história
Contei cada grau dos teus giros me alimentando de dulcíssimo sorriso, engengramos do nosso peito amor, mais amor, tanto amor, que dói.

Meu olhar jamais consegue saciar a minha sede de vooc (L)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Niterói

Tanta terra forra a pele e sonhos ao anoitecer
Tanta terra traz consigo outra trágedia
Deita o povo sobre o chão cujo sangue se infiltra
Assim chora uma nação por mais uma de suas dívidas
Bicho, homem-lixo, não tem o que comer,
junto a água se foi casebre, sua morada
Caminho pelo qual a rua se projetava : "era","já foi","nunca mais".
Veloso ainda diz mais : " O Haiti é aqui "

Mas quem pode decidir o que há maior em miséria ?

Niterói, seus lagos de lama emersos secarão na ilusão de ordem e progresso
Niterói, ah Niterói!Como é forte a razão da sua dor.
Enquanto uma centelha vive em desamor, talvez em teus lagos bata um coração
A tal "fatalidade" instituída é uma mentira, tal como o governo
Do qual se faz mais água suja, mais morte, mais desapego
Nos céus está refletido o próximo embate, pelo povo assistido.
Vendo suas mães e filhos despencando lá do alto, sumindo no meio do barro de mais uma multidão.
Niterói, teu povo é heróico, mas assim como o Haiti, há tanta miséria aqui, sem haver por onde RECOMEÇAR .