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sexta-feira, 27 de abril de 2012

substantivando



Eu vou embora cedo e não voltarei ao ponto de partida, não aprendi a reverter os ponteiros nem desvendar o fronteiriço terreno da verdade, minha sina e o meu compromisso é com que ainda não nasceu, com a música ainda decomposta, com o mundo que  não vi porque só existe nessa sombra vaga que é o Amanhã, assim mesmo, feito substantivo próprio. Não volto e nem hei de voltar porquanto os passos que se encerram ao meu redor não me acompanham, a maioria sequer me apetece; portanto tornar-me-ei espécie distinta por aí, me hostiliza e avilta essa hora vaga que vivo e não me permite aprender uma infinidade do tudo que ainda não senti. Transcrevo então o poeta cuja palavra se fez eterna:

" - Meu tempo é quando ".

Por Marcos Araújo 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

joão sem terra




Misógino gentil:
Tu és letra morta
Informa em mim o que há de pior
Perde-se na desordem da rima
Inquina de miudeza a rima torta
Jaz dos fundos, foge às clareiras
Perpassa a janela, enquanto entreaberta a porta

Esvai daqui, ignominioso
Ruma alhures com teus laços tristes
Decai enquanto peso, pedra no sapato
Misantropo, nefasto, rei do que é ruim
Lobo aspirante a homem travestido de pedra
Medra noutras fontes e te retiras daqui
Tão certo que te deixo, quão cedo que partes?
O que é seu tranco às chaves. Esquecer-me-ei de abrir.