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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

À mingua II


Por Marcos Araújo

A linha em branco à frente, afronta, pergunta: que quer você? Devo escrever, agora, antes que o tempo passe outra vez por mim, antes se esvaia o destemor. Amei à mingua a magoa, me apavora de tão célere que se deforma, transformando-se sempre num paralelo outro, no outro rosto, na outra veste, no outro toque, n’outro rijo sorriso que não me satisfaz. Escrever: meu invento sob a linha em branco, cornucópia de flores mortas, verbo, palavras, – falácias – bem dizendo assim. E a verdade não invade a minha casa se não quero, não me permeia os dedos e nem medo perfaz, trava o vocábulo antes de chegar ao papel, esquece de apagar o que não escreve. Adrede é que faço, no papel não desenho pedaço que repugno em mim. No papel à mingua me desfaço.

2 comentários:

  1. Pegou a imagem do meu facebook que eu tô sabendo...

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  2. Pra começar, adorei a frase dos comentários. Também odeio quem não lê a postagem, passa e deixa algo do tipo "to te seguindo, me segue!".
    A imagem é fenomenal!
    Quanto ao texto (sim, eu li!)gostei da forma como escreveu sobre escrever e da intensidade de cada frase...

    Boas festas

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/