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segunda-feira, 9 de agosto de 2010




Talvez o meu lado mais débil tenha me inclinado para isso, não quis dar ouvidos para mais um dos discursos de minha mãe, não fiz daquela admiração mais um sentimento perecível e deixei que ele crescesse junto com o mérito de quem eu dedicava/dedico. Em 2004, durante o aniversário de um amigo, ainda sobre a pressão dos conflitos entre os EUA e o Iraque, fui apresentado oficialmente a uma crítica dura da cultura, da relação político-social da ideologia acerca do sonho americano(Videoclipe:American Life); apesar de já conhecê-la,  a partir dali comecei a enxergar a evidência de uma mulher que não me era estranha, naquele momento onde o tempo se encaixava de modo crucial no meu íntimo, iniciava-se uma admiração colossal para com a maior artista pop e símbolo do poderio feminino do planeta, Madonna.

Pode parecer bobagem, paixonite de adolescente para os que nunca tiveram um ídolo, entretanto nem eu consigo estabelecer a idéia de admirar com tamanha reverência um artista tão inacessível para quem mora aqui.Oras, ela pode até não saber que eu existo, mas além daquela Madonna idealizada por nossos pais, da rebelde à  herege, tive a oportunidade de conhecer a que levou milhões de fãs ao êxtase junto as lágrimas que rolaram em Detroit enquanto cantava Holiday em sua primeira turnê, eu conheci a mulher que não se omitiu quando precisou causar frenesi para falar de igualdade numa época onde grande parte da sociedade assentava-se no conservadorismo, ela trouxe consigo uma nova roupagem para as performances ao vivo , rendeu as pistas de dança tanto quanto os corações do mundo inteiro as batidas de suas músicas, quebrou tabus, cresceu, tornou-se  dona de si, cosmopolita, ativista,artista modelo, cinegrafista, sobretudo mãe, eu conheci o prestígio dessa mulher e admito ter crescido com isso.Certamente o mais importante de ter um ídolo é saber perceber nele um valor útil, aplicável em sua vida, por que não?Nós todos somos modelos, dos nossos pais, irmãos, amigos, desde criança que o exercício do aprendizado não se interrompe, a partir de um tempo escolhemos nossos espelhos, nos protegemos sob a égide do que foi concebido pela  consciência, nos limites genéricos do “bom” e “ruim”.Repito, há quem pense que tudo isso não passa de bobagem; entretanto eu já não me importo.Madonna abriu um mundo de possibilidades particulares bem debaixo do meu nariz numa época onde eu não me via entre iguais, ao passo que tentava incansável e fracassadamente me adequar numa política de inclusão.Foi mais fácil deduzir que não precisava disso, oras!
 "Bem, essa é mais uma diferença entre o meu marido e eu: eu vejo o copo metade cheio e ele vê metade vazio"
Madonna

Com toda honestidade, nunca imaginei em vida vê-la onde se encaixa melhor como figura pública, no palco, sob a luz dos anos que fazem dela rainha, dançando no ritmo do universo, preenchendo os olhos ávidos da platéia enlouquecida.Eis a minha vez, depois de enfrentar a represália em casa no ano de 2007, saía de Salvador para o Rio de Janeiro com três amigos Luã, Victor e Camilla(isso com contar com pessoas maravilhosas que conheci na fila.).O sonho impensado se concretiza no amanhecer do dia 14 de dezembro, era só nervosismo, estávamos todos afoitos, temerosos quanto a qualquer tipo de imprevisto, pedindo para os portões do Maracanã se abrir como num truque de mágica.Passado a primeira parte do melhor sufoco de minha vida até hoje, curtíamos impacientemente o som do DJ Paul Oakenfold enquanto a rainha se preparava para à ação.Ela estava atrasada, um helicóptero de uma emissora sobrevoava o estádio dificultando mais ainda as coisas, chovia; todavia, ninguém saia do lugar, ninguém queria perder a oportunidade de vê-la até que as luzes se apagaram, a música tomava conta do Maraca e ela surgia, como sua própria imagem sugere, sentada num trono diante de mais de 70 mil pessoas.Dentre elas, estava eu, agradecendo, curtindo aquela experiência maravilhosa de confrontar junto com tantos fãs  não o nosso amor platônico, mas a correspondência dessa devoção.
Desconhecia o tempo, eu estive inscrito numa vida inteira durante aquele concerto, emocionado, tomado por uma felicidade sem preço, imensurável e quando quis chorar, chorei, eu via na face dos meus amigos uma correspondência particular de unidade que nos agrupava, junto com as mãos erguidas para os céus colidindo entre si nas palmas em harmonia com a música.Não poderia ter passado por isso com companhias mais oportunas, parafraseando o poeta eles fazem parte do meu show também.
Encerro essa longa e distinta postagem, de modo bem pessoal, não para impressionar ninguém ou registrar aqui uma idolatria sem freio, sem o tal “senso”, mas para declarar essa admiração, este amor que não só qualifica um fato, é certamente mais concreto que que parece.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Imagino como foi sua viagem... aventura, ah eu não sei se eu faria isso para ver um ídolo. Ou melhor faria sim, para ver Ingrid Michaelson. Ela não tem uma história tal qual Madonna, mas é isso.
    Mesmo sem ter tempo de escrever, eu venho aqui sempre... Abraço.

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  3. Ahh, se eu pudesse viver uma aventura, iria ver Céline Dion, na gravação do documentário sobre sua vida, é lindo, vc já viu?
    Mas esse post sobre a Madonna tá demais, e a foto, lindíssima :)

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  4. Nossa! Que coragem
    Gostei do seu blog estou seguindo

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  5. Grande pessoa... pena que não tão grande artista... foi defasada pela fama... assim como todos os outros que entram no mundo comercial que é o do Pop... pena para eles... sinto falta da época, que não vivi, onde a música era arte... e não mero produto gerador de capital..

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/