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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Outra máxima sobre nossa gente

Um dia já estive sob a ponte construída pelo homem cujo caminho divide os que vivem para sobreviver e os que privilegiadamente apenas vivem. No meio dessa confusão sócio-política do Brasil podemos identificar os nuances colorindo a estratificação das classes, desde o negro vendendo bala no ônibus, subjugado, ao branco pobre; sendo assim negro também, até passar pelas inúmeras classes médias e sua problemática de posicionamento social, parando enfim nos que aqui ergueram o seu estilo e padrão de vida europeu, costumeiramente sustentados por aquelas outras classes miseráveis.
Se nós, animais racionais, políticos e sociáveis, portamos essas atribuições; contudo, não por uma questão de nomenclatura diferencial, nos resta saber lidar com esse conceito para que o nosso sujeito não se compare a mais um Fabiano, retratado em “Vidas secas”, na obra literária de Graciliano Ramos. Nós não latimos, não miamos, não gruímos e como todo fruto da natureza há uma razão ordenada para que esse fenômeno ocorresse conosco e não com as cigarras. O homem dominou a linguagem, a partir dela que as sociedades primitivas se estruturaram, ele dominou os signos, é cabível afirmar que sem esse fator a possibilidade de existência da organização social que vivemos atualmente seria nula.
Nós somos o produto disso, nós que acordamos para assistir e participar concomitantemente dessa tragédia ao estilo latino-americano, ninguém late, ninguém mia, ninguém grunhe; entretanto, uma maioria esmagadora se cala. E o mesmo sistema que nunca funcionou para você é o mesmo que vai me faltar na hora que o país deveria reconhecer o dever para com seus cidadãos. O Estado existe para viabilizar o estabelecimento dos seus constituintes, não para sustentar-se à custa dessas pessoas.
Essa passividade tantas vezes debatida, mencionada, e já desgastada só acentua uma recente declaração infeliz de Stallone, oras que explodam o país inteiro e quem sobreviver pode agradecer, a depender de quem lucre com isso pode representar um negócio válido. Antes um explosivo alarmante do que tantos que o governo e as classes dominantes instalam nos nossos lares, no aumento dos impostos, na ideologia velada disseminada pela toda poderosa da mídia, através da mentira condicionando o povo a uma esperança sem razão, sem fim, sem meio.
Mas o povo não quer falar, não aprendeu, salvo um ou dois grupos de quem já compreende os infinitos mecanismos de dominação. Todo mundo vê seu tempo em vida perecendo a cada minuto, acreditando que “Deus proverá”, ainda pagando um preço alto pela política católica instituída do “justo lucro e justo preço”. Os animais irracionais não falam, mas desde que se compreendem no mundo como tal, agindo pelo instinto, conseguiram através deste manter no mínimo suas organizações, quando não interferidas por nós. Eu já estive no meio dessa ponte de relações desonestas, desigualdade existencial e não me lembro de um tempo cuja eminência de uma formiga pareceu tão oportuna e didática para nos ensinar a viver.

8 comentários:

  1. Primeiro: você escreve muito bem!
    Segundo: Achei o assunto escolhido excelente
    Terceiro: Tambémn vejo este produto que somos, que presenciamos... E me espanto com o descaso e pouco empenho em modificar a realidade!
    Belo post!
    ;D

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  2. Vc escreve super bem e o post ta ótimo. Parabéns

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  3. Tenho que dizer também que você escreve muito bem, pois é fato, sua clareza no texto ótima.
    Parabéns pelo blog

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  4. Interessante o texto, mas discordo em alguns pontos. As classes existentes nos dias de hoje não são produto do Estado em sí, mas sim de quem comanda a sociedade e direciona suas tendências: os grandes empresários.

    Vivemos uma época em que, querendo ou não, somos feitos para sustentar a economia e de quem através dela vive e lucra. Sem essa estrutura de camadas sociais, seria impossível um sistema baseado totalmente no comércio, no lucro pelo lucro.

    O que acontece é que todos os governos se tornam reféns de quem realmente manda e, muitas vezes, ficam amarrados pelos interesses dos que possuem o dinheiro.

    O mundo contemporâneo pode ser relacionado com a Idade Média, por exemplo, onde os Reis reinavam, mas quem governava eram os Nobres nos seus respectivos feudos. O Governo, hoje, só organiza a sociedade e, teoricamente, luta para não deixá-la desmoronar e empobrecer, enquanto quem dá as cartas são as mega-empresas que, além de sustentarem esse modelo, fazem uma propaganda monstruosa para que todos queiram ser como esses empresários.

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  5. Se é que é possível, eu concordo com vocês dois. A verdade é que os interesses do capital está acima de qualquer governo ou indivíduo.

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  6. Já assistisse o documentário " A revolução não será televisionada"? tenta ver no youtube, está disponível. Tem tudo a ver com o seu post.

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  7. Você desenvolveu muito bem o tema. Parabéns.
    E concordo contigo, o povo, na grande maioria afogado na própria ignorância, sempre será dominado.

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  8. Voce sabe desenvolver muito bom qualquer texto.
    pelos que pude ler, da pra ver que vc escreve muito bem.
    otimo tema.

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/