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domingo, 12 de agosto de 2012

res publica


Ao caminhar pelas ruas e ouvir os inúmeros jingles eleitorais, os panfletos espalhados enxovalhando a Av. Manoel Dias, os diversos comitês espalhados pela cidade, e já perceber o item negocial típico das eleições que vincula o mau eleitor ao gestor pernicioso, é que afasto as últimas dúvidas quanto ao crescente interesse das pessoas em se ocuparem das atribuições de vereadores, prefeitos, disputando a res pública, ou seja, a coisa pública, como leões famintos disputariam um pedaço de picanha, melhor, como a população soteropolitana disputa diariamente um cantinho onde possa se equilibrar no transporte coletivo que promete perpetuar seu desserviço para a cidade por mais cinquenta anos se depender das articulações sociais.

Decerto que a participação do povo nas eleições fomenta a natureza democrática do nosso Estado, que ainda nós compele a sair às ruas nos dias de eleição, é de se questionar o preparo que a maioria desses cidadãos possuem para lidar com o patrimônio público, exercer a função pública em nosso nome, e, portanto nos servir, debruçando-se sobre parte da autonomia e do poder político conferido a eles através de nosso voto e sob a proteção da Constituição Federal, a Lei Maior. Poucos candidatos elegíveis não indicariam preparo ou qualidade, todavia, a multidão destes que se asseveram pode revelar que a satisfação particular de estar investido em relevante posição política, social e econômica esta à frente do interesse público, até mesmo neutralizando a real preocupação em gerir cada vez melhor um contingente urbano maltratado, mitigado e desiludido.

A criação de uma lei, por exemplo, envolve articulação política de pessoas que elegemos para editá-las. Podemos considera-las como fruto de um contrato do corpo social para com o Estado, e essa é uma concepção moderna, ou imaginar como preleciona Duguit, que as leis não são senão o reflexo da vontade do legislador dotado de poder para comunicar-lhe uma função. É o bem comum que precisa ser fomentado, a sociedade precisa da proteção do Estado que vai da segurança jurídica a segurança pública. O fronteiriço terreno da resiliência já foi ultrapassado e já não há mais espaço para tanta verba pública na cueca, para a criação de projetos de lei que jamais poderiam ser consolidados tão somente para captar votos e mais votos de uma população aculturada e espezinhada do alto de sua inação. Se política e negócio fossem a mesma coisa a gramática informaria a ambas ao menos a condição de sinônimos. 

Por Marcos Araújo

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