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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A quarta carta.

O sonho se partiu em mil desde que ele soube que sofrera em silêncio das imprevisibilidades desta vida. Estava fraco, enfermo, pálido por dentro e por fora, sua alma cuja força erguia-o na ponta dos dedos mais tarde estaria desfalecida nos ombros de outro menino. E seu pranto, inválido, correndo pelas suas bochechas roliças, como um rio caudaloso e intermitente, parecia aumentar e ecoar na profusão de cores criadas por um jardim virtual do lado de fora. Lá dentro, havia apenas eles dois. Mais tarde, um deles diria sincero:

- Tal como seus olhinhos pequeninos e assustados, dói em meu peito a razão da tua dor, mas hoje não és solitário.Segure minhas mãos.



Ele entendeu, enquanto homem soubera da grandeza e fragilidade do seu orgulho adornado de caprichos, mas foi o teu coração de menino levado, amante, amado, que fez no seu rostinho imparcial os traços mais belos que a geometria da felicidade arquiteta com maestria. Ele sorriu, recuou o seu corpo até então curvado sobre a cabeceira da cama, e a luz do sol que escapava pela fresta da janela tocava a menina dos seus olhos que estreavam cintilantes no meio do quarto. Brilhando, cada vez mais. Suas mãos estavam absortas, inquietas, e o peito permanecia repleto de um fôlego a mais e quase sem por que. Erigiu-se, então, na frente do teu amado, agarrou-lhe, e sábio, beijou-lhe os lábios.




Não era um fato inexplicável, não era sacrifício, não era sacrilégio, ninguém era mais que ninguém ali, ninguém viveu por ninguém, não houve pecado, ali era amor.Não como caso inexplicável de rochas engendrando um colar de flores, mas amor imperfeito, real, que acolhe e aceita, erra e perdoa, manda e desmanda na medida da racionalidade relativa do ser humano. Eram aqueles meninos que podiam brincar de equilíbrio no mar sobre um barquinho de papel, precisando um do outro e da sorte contra essa aleatoriedade nefasta do Universo. Não seria agora, por uma pedrinha alheia interpondo-se nos seus caminhos que eles haveriam de fugir sozinhos. Ali era amor, eu te disse.

Por Marcos Araújo.

12 comentários:

  1. Intenso...
    haha Adoro esses bonequinhos :P

    []'s
    blog.avoado.com

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  2. uma ótima forma de entrar em, contato com um texto pueril, mas ao mesmo tempo maduro, contar experiência em forma de conto sempre é um ótimo meio de postar sem perder o foco de boa qualidade mesmo tratando de temas comuns...

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  3. nossa
    que bela história
    !

    acho que a imagem tbm deu alegria

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  4. A imagem do menino que encontrei anos atrás no Farol de Itapuã é tão distante... O tremor do corpo que se fazia sentir ao olhar, hj plácido, firme, me retira num sopro a segurança figurada que fingia ter... Parabéns garoto, cada dia mais distante do menino, um homem, lindo, se me apresenta!

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  5. Nossa, que imagem!
    adorei a historia à qual seu texto me remeteu.
    Parabéns.

    AnaCamila

    www.daqueelejeito.blogspot.com

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  6. Texto intenso e tem algumas particularidades

    http://cemiteriodaspalavrasperdidas.blogspot.com/2011/01/simplesmente-steady.html

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  7. bem legal bem interessante pabens pelo lbog mt legal
    clikein no anuncio espero que retribua



    http://planetahuumor.blogspot.com/

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  8. Otima historia! Parabéns pelo blog!

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  9. Adorei a história! As descrições realmente são muito boas e o uso das palavras também. Coloridíssoma, eu diria.

    T.S. Frank
    www.cafequenteesherlock.blogspot.com

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  10. O amor não segue nenhum preceito e desse amor tão insubmisso é que tiramos as forças necessárias para enfrentar qualquer coisas, futuros julgamentos. Obstáculos triviais não devem interferir no amor. O amor é algo maior, é algo muito além do que é julgado, muitas vezes é incompreendido - e é belo, de todas as formas possíveis, o amor é imensamente belo.

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/