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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aguarde na linha, por favor.

Por Marcos Araújo

Eis o dilema do trabalhador brasileiro, a busca pelo pote de ouro escondido por trás da encosta, a saber, a procura por um lugar ao sol e com a carteira de trabalho assinada no bolso, são quinhentos e dez reais, salvo os descontos corriqueiros, todo mês o milagreiro pinta tristonho na conta (ou não), para pagar a escola dos meninos, financiar um tratamento dentário inadiável, quitar o aluguel da mãe que se equilibra no arrocho financeiro de nossa aposentadoria de mentirinha, ainda tem a doação para o transporte público, cujo serviço permanece aquém da arrecadação bruta furtivamente adquirida através dos bois que ele leva e traz para os abatedouros urbanos diariamente, um grande rebanho ferido e tácito, não aconselharia passear pela cidade nas tais horas de pico.A elasticidade das demandas na vida desses indivíduos são inesgotáveis, imprevisíveis, sempre há uma lacuna que a teoria prolixa da ciência econômica dispensa refutações por conveniência; todavia, o elemento substancial dessas problemáticas financeiras e pessoais é a existência do prezado emprego ou quem sabe de outra atividade remunerada, como o tráfico, note-se que me refiro a este como um mercado multifacetado, aqui você pode tudo, conheça a dor a delícia de ser o que é pela poesia de Caetano e sob a égide do país.
O sistema surge na vida civil do cidadão antes de tudo como um meio, não o considere fim último, com efeito, a sua eficiência pode beirar o ridículo e quando chegar sua vez de desiludir-se com o Estado em que vive, inclusive o Estado nação, verá que aquelas decepções conjugais  traumatizantes que você carrega desde a adolescência não representam um inconveniente tão absurdo.O povo, ou seja, nós mesmos, ouvimos falar do sistema de saúde, do sistema educacional, sistema previdenciário, sistema –corrupção(ops), porém , além da dúvida prevalecendo insistente no meio do nosso pensamento quanto a funcionalidades e meios práticos de resolução, o próprio sistema global de existência do Brasil nos diz todos os dias que está ligeiramente fora do ar, o sistema ri por contra própria, seus dentes pontiagudos feito  espada excalibur armam-se sorrindo indecentemente do nosso esforço, enfim, o maldito sistema é, está e estará inoperante por algum tempo.Cabe a um bom entendedor eliminar a transitoriedade desse arranjo semântico refletido no cotidiano.
Discorrer sobre os nossos problemas enquanto brasileiros me perturba, comparo a uma necessidade indômita a qual meu corpo sequer domina o direito de recusa, pois, é nesse espaço político, social, econômico, circense, que tenho construído dia após dia uma percepção de fatos sociais que convergem, transitam e morrem logo adiante, nos braços maternais do sistema, conspirações à parte, esse sistema tem muito mais de inimigo do que de companheiro, são variados entraves, hermetismos, falácias, sofismas, circunstâncias peculiares, tudo garantido no seu corpo servil e dito social, pronto para nos amparar quando o assunto se tratar de sair da bolha e correr para as ruas p'ra buscar emprego nessas intermediadoras decadentes de mais valia(mão de obra), para os hospitais, para os bancos, para as universidades públicas etc.Existe um regime muito próprio de burocracia e deficiência generalizando-se e especializando-se por aí, sendo assim me pergunto por qual razão tudo precisa envolver narrativas tão meticulosas e o que podemos fazer para deixar todos os copos d’agua longe das tempestades instantâneas e a longo prazo.O jeitinho brasileiro é uma fuga, você reclama dos atalhos já instituídos ilegitimamente; contudo, venda os olhos e perpassa toda sua extensão facilitada, correndo da dificuldade e fingindo levar consigo o exemplo mais notável de retidão nessa grande celeuma, tudo isso com uma bandeira positivista amarrada na cabeça, tentando esfriar o juízo com ordem e progresso intermitente, com hora certa e limite vergonhoso.
Cuidado, é o que digo, dentre as entidades enigmáticas que existem aqui, o sistema reina absoluto em todos as alçadas, mas no topo médio da teoria, na mediocridade da falta de definição provocada, que não existe apenas por um acaso. É burrice sentir-se a parte do sistema, sua misantropia é de brinquedo, você não tem escolha nesse discurso retórico de participação democrática (mera construção teórica), ou você se adequa, ou a sociedade te expele como uma célula o faz mecanicamente com o que não lhe convém; você precisa se sujar para se consagrar nesse corporativismo hediondo, do contrário, saiba desde já que tentar se manter estéril pode tombá-lo antes mesmo que qualquer operador desavisado te diga mais adiante que o sistema caiu, ele não tem nada para você. Você é nada, por favor, permaneça no final da fila.

11 comentários:

  1. "é nesse espaço político, social, econômico, circense, que tenho construído dia após dia uma percepção de fatos sociais que convergem, transitam e morrem logo adiante, nos braços maternais do sistema"
    Esse sistema, que tenta a todo custo nos pôr para baixo (ou no final da fila, como vs diz) é desumano! De que serve toda a burocracia que temos que aturar, se não para encobrir a corrupção daqueles que detém o poder?
    A sociedade é injusta, desigual...
    Democracia? Isso não existe além da bonita teoria!
    Eu AMEI o post! Está de parabéns! Desculpe-me se demorei a comentar ^^
    Beijos.

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  2. Brasil, ame-o ou deixe-o......ou entao engula td q eles nos jogam garganta abaixo


    http://alexandreterra.blogspot.com/

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  3. O sistema esquece-se do povo. Digo, do povo que se esforça, luta e se entrega totalmente por esse; o povo trabalhador é deixado de lado. Todo bom sistema, de bons ideais, nunca está disponível, absolutamente - nunca para nós. Todavia, disponibiliza-se completamente a quem o controla e cia - a parte mínima e corrupta da população. O termo "ser obrigado" pode ser utilizado de forma errônea quando referido ao sistema, pois ninguém é "obrigado" a viver da maneira que se vive. Porém, ao analisarmos as opções percebemos que as alternativas são: ou viver x ou viver ch - Tendo visões diferentes, mas um sentido igual no fim. Não vejo muitas possibilidades de fugir do sistema, e vejo, ainda, possibilidades mínimas de mudar a forma com que é tratado, porém existem possibilidades, sempre. Pertencemos ao sistemas e este nos pertence; então, por favor, quando vamos ter a nossa parte verídica e não só uma teoria dela?

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  4. Não esquenta que vem mais impostos por aí.
    Abraço

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  5. Muito bom o post cara! Gostei bastante do teu blog. Sucesso!

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  6. O pior é que estamos de mãoss atadas

    bom post

    Abraço

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  7. A impressão que tenho é que a desigualdade vai sempre prevalecer. Talvez até mesmo pela acomodação do povo em acreditar demais.
    E nós, em um país de desiguais, somos igualmente esquecidos...

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  8. Oii, poxa teu blog é muito interessante. você expõe fatos cotidianos e reais. sucesso !
    gosteei mto !

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  9. O mais interessante de tudo é que o impostômetro acusou nessa segunda feira, mais um recorde na arrecadação de impostos feita pela união até o momento. Pra onde será que vai toda essa grana? O que mais me entristece não é a desigualdade existente entre as classes, mas sim a descrença de que isso um dia pode mudar. Penso até que o objetivo dos nossos governante é que realmente tudo se estagne na mediocridade, só assim, eles podem fazer de tudo o que quiserem.

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/