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terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Campanha Ideal





- “Malditos sejam os fumantes!”

É o que dizem por aí, nas campanhas publicitárias o medo é conteúdo, a propaganda antitabagismo alerta:
Você vai ter câncer de pulmão-boca-laringe-pâncreas-estômago-bexiga-rins, disfunção erétil, derrame cerebral, degeneração física, mau hálito, ingere mais de 3.000 substâncias prejudiciais, doenças cardíacas, leucemia, asma--caro leitor, pausa para respirar--depressão, úlceras pépticas, distúrbios circulares; por conseguinte, o investimento mais provável ante a essa mazelas é o consórcio da própria tragédia, leia-se “morte”.
Entretanto, na minha pouca idade como cidadão brasileiro, não vi a intenção de um todo, e para não ser injusto, de raríssimas pessoas quanto ao dever de trazer os vícios ignominiosos que não fazem vítimas ativas ou passivas quanto a seu conteúdo prejudicial; contudo, corrompem os laços de uma sociedade justa e igualitária quanto aos direitos de cada um.
Sendo Mário um trabalhador, morando sozinho em sua casa no campo, maior de idade e vacinado, nada o impede de fumar e ignorar as campanhas e os conselhos dos mais próximos desde que não interfira no cotidiano de Maria, sua vizinha dona de casa, dedicada a família, mãe, sobretudo cidadã. No entanto se levarmos em conta o fato de que Sônia e seus filhos são violentados toda vez que o pai da família chega em casa bêbado e Mário, Maria, ou qualquer outro morador das redondezas não tomam uma atitude, é fácil inferir a idéia que em “briga de marido e mulher não se mete a colher”, ou seja, na indiferença cada um vai encontrando um caminho melhor para fechar os olhos, sobrevive, empurra tudo o que pode e enquanto pode com barriga.
Toda campanha voltada para o social é válida, mas gostaria de ver o mesmo empenho dessas para solucionar as problemáticas “invisíveis”, como a apatia geral de todos contra todos.Não importa se te assaltaram, se você não teve acesso a um bom ensino, se ao acordar havia comida em sua mesa(ou não), se tem sofrido de alguma doença, tanto faz, quando a primeira pessoa está em bons lençóis pouco importa quem é o outro.E não há ensinamento cristão que reforce a virtude da compaixão nos que já se habituaram a desempenhar o seu papel nessa guerra fria.Ao assistir um vídeo no youtube do “Sem mais palavras”- um programa da televisão brasileira, de gênero policial, transmitido pela TV Jornal, de Caruaru, afiliada do SBT – observei a reação de outros espectadores diante da humilhação imposta pelo “repórter” Givanildo Ferreira a Israel Gaspar, que tentava comprar três DVDs utilizando documentos de outras pessoas.
De antemão quero deixar claro que estelionato é crime e não é minha intenção desvirtuar o foco das leis; entretanto, o repórter usa de artifícios jocosos para lidar com a informação que deveria passar de acordo com a ética, no entanto ele se dispõe muito mais para tornar a situação cada vez mais constrangedora e humilhante para o réu.Todo mundo ri inconseqüentemente da desgraça do próprio país, não são os engraçadinhos na TV pregando retidão de caráter ou os astros globais que compõe o cenário em que vivemos, são as pessoas humildes, diga-se de passagem, talvez as únicas que sentem o peso dos códigos jurídicos.Afinal quem ainda vive na utopia de que a lei funciona igualmente para todos?
O papel de um pai de família é zelar por ela nos seus sentidos mais distintos, bem como sustentá-la, se ele não encontrar um modo de fazer isso mantendo sua dignidade intocável e resolver roubar um litro de leite numa padaria seria legal?Em contrapartida, deixar seus filhos com fome porque não houve abertura no mercado de trabalho para ele seria ético?Se você fosse o dono do estabelecimento ou o delegado de policia, o que pensaria?
Se eu sirvo ao estado e minha função é auxiliar na distribuição de fichas de um centro médico e de repente eu passo a privilegiar parentes, amigos e amigos de amigos, o desvirtuamento de minha função ideal deve ser encaixado no ponto de vista legal ou ético?Será que as pessoas acomodadas numa clínica particular vão se importar com a situação crítica e desfavorável das outras que ficaram desde o final da madrugada em uma fila para tentar conseguir atendimento médico?
Acredito que essas perguntas foram respondidas sem muito dispêndio intelectual, afinal de contas a força dos hábitos nos guia para isso. Foi nessa redoma opaca que fizeram nossas casas. Não acreditarei jamais que essa é uma convenção imutável, o império da individualidade fincou-se no âmago de cada cidadão, que se diz parte de uma pátria cuja existência pende ao caráter gregário de cada um, vale pensar sobre essa questão porque nos questiona se temos vivido apenas para nós ou se algo ao redor ainda vale alguma coisa digna de ser lembrada e quem sabe ajudada, altruísmo também é uma forma de amor e quer saber?
E disso precisamos não só por nós, sobretudo por todos.

7 comentários:

  1. Curti muito o texto e a forma como você abrange a imprensa cada vez mais sensacionalista. Confesso que, pelo título, pensei: "lá vem mais um texto politicamente correto cheio de bobagens", ams fiquei feliz em saber que estava errado. A forma como você indaga o leitor é muito precisa, de um modo que você já mostrou os fatos. E é isso, a imprensa te diz não fume. Aliás, fumar para mim é meio que burrice. Não é bom, a pessoa tem que se esforçar bastante para se viciar. Bem, não só curti o texto, sua maneira de escrever, como vou seguir aqui.
    Abraços.

    http://coolercheio.blogspot.com/

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  2. E não gostei do texto, eu realmente adorei! ;D

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  3. Texto muito bom:
    muitas pessoas vivem só por viver, ou só por ela msm.
    Mais creio que existam muito mais pessoa como vc,
    que pensam sobre essas questãoes.
    e não deixa que a força do habito não no s impessam de mudar, e ser diferente

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  4. otimo texto igual vc disse nos quatros paragrafo iniciais a sociedade de hj eh muito egoista so pensa nela mesmo e que os outros se dane

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  5. caramba .. eu adorei o texto, tudo qe vc disse é bem vdd mas como já disseram .. acho qe a maioria, por mais qe não conhecemos, sejam ou tenho a consciencia como vc. :)

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  6. Caramba velho, curti geral, com certeza essa sim, seria a campanha ideal!
    Parabéns!

    http://questaoderaciocinio.blogspot.com

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  7. Concordo plenamente. Sou totalmente contra o tabagismo, porque ninguém fuma sempre isolado numa salinha. Mas temos de convir que algumas questões são mais difíceis da gente meter o bedelho. Nossa carne é fraca na maioria das vezes...

    Sobre a imprensa televisiva, às vezes eu tenho vontade de quebrar minha TV.
    Abraço

    http://refemdarotina.blogspot.com

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Se não leu, não comenta bobagem certo?
Obrigado o/